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Imagem: Cássia Torres O Poema preferido de nossa amiga Maristela Ormond é "Meus Oito Anos" de Casimiro de Abreu. |
Desafio - Ilustrar o Poema Preferido do Amiga Maristela Ormond
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã.
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberto ao peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora de minha vida (...)
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A IMAGEM DE UMA DEUSA
Labels:
Djalma Soares,
Poema
Imagem, visão, aquilo que se vê,
Revela características
interpretáveis...
Por isso imagens de mulheres
angelicais,
São santas fazem o bem...
A imagem traz uma informação,
Mas não é bom ir pelas
aparências...
Melhor é conhecer bem!
Conheci várias santas...
Apaixonei-me por algumas.
Conhecer bem é a única forma de
evitar...
É só um conselho!
Depois do que conheci e vi,
O que eu mais queria ver agora,
Era a imagem de uma Deusa,
Só de calcinhas azul cor do céu
Com plumas brancas dizendo-me;
Eu te amo!
Analisar bem a imagem é
obrigatório,
Pode-se enganar profundamente.
No meu caso nenhuma foi santa,
Sou uma prova viva disso...
Por enquanto!
Desafio - Ilustrar o Poema Preferido do Amigo Claudio Castoriadis
Canção Amiga
Carlos Drummond de Andrade
Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.
Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não se veem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.
Eu distribuo um segredo
como quem anda ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.
Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.
Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.
em que minha mãe se reconheça,
todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.
Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não se veem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.
Eu distribuo um segredo
como quem anda ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.
Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.
Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.
Meu sentir para ti Claudio...
Desafio - Ilustrar o poema preferido da minha amiga Kizy Lee
Kizy, deixo aqui uma modesta ilustração para o poema que escolheu!
Gostaria de poder desenhar a verdadeira beleza da rosa de Sarom, mas não o sabendo, deixo estas pétalas! :)
![]() |
Rosa da Saron, de Isa Lisboa para Kizy Lee |
Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales.
Qual o lírio entre os espinhos, tal é meu amor entre as
filhas.
Qual a macieira entre as árvores do bosque, tal é o meu
amado entre os filhos;desejo muito a sua sombra, e debaixo dela me assento;e o
seu fruto é doce ao meu paladar.
Levou-me à casa do banquete, e o seu estandarte sobre mim
era o amor.
Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs, porque
desfaleço de amor.
A sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça, e a sua
mão direita me abrace.
Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, pelas gazelas e cervas
do campo, que não acordeis nem desperteis o meu amor, até que queira.
¶ Esta é a voz do meu amado; ei-lo aí, que já vem saltando
sobre os montes, pulando sobre os outeiros.
O meu amado é semelhante ao gamo, ou ao filho do veado; eis
que está detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, espreitando pelas
grades.
O meu amado fala e me diz: Levanta-te, meu amor, formosa
minha, e vem.
Porque eis que passou o inverno; a chuva cessou, e se foi;
Aparecem as flores na terra, o tempo de cantar chega, e a
voz da rola ouve-se em nossa terra.
A figueira já deu os seus figos verdes, e as vides em flor
exalam o seu aroma; levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem.
¶ Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto
das ladeiras, mostra-me a tua face, faze-me ouvir a tua voz, porque a tua voz é
doce, e a tua face graciosa.
Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às
vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor.
O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu
rebanho entre os lírios.
Até que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, amado
meu; faze-te semelhante ao gamo ou ao filho dos veados sobre os montes de
Beter.
Cânticos 2:1-17
Desafio - Ilustrar o poema preferido da minha amiga Claudiane.
Quem sou eu?
Eu às vezes não entendo!
As pessoas têm um jeito
De falar de todo mundo
Que não deve ser direito.
Aí eu fico pensando
Que isso não está bem.
As pessoas são quem são,
Ou são o que elas têm?
Eu queria que comigo
Fosse tudo diferente.
Se alguém pensasse em mim,
Soubesse que eu sou gente.
Falasse do que eu penso,
Lembrasse do que eu falo,
Pensasse no que eu faço
Soubesse por que me calo!
Porque eu não sou o que visto.
Eu sou do jeito que estou!
Não sou também o que eu tenho.
Eu sou mesmo quem eu sou!
Pedro Bandeira
*.*
Desafio ilustrar o poema preferido do poeta ( Carlos Moraes)
Ilustração: Claudiane Ferreira
Para
Elsa, pouco antes de partir
por
César Soriano Calvo
(Fragmentos)
(Fragmentos)
Porque
eu vivi no ar durante séculos
Como um buraco de trapézio
Como um buraco de trapézio
indo
e vindo do que eu fui
ao
que eu não serei
Porque
eu cruzo os dias como um punhal em face do qual foges,
como
lápis sem dono no papel em branco
Porque
eu não só escrevo estas linhas com minha vida
mas
com o suspiro de todos os fantasmas que me amaram
de
todos os fantasmas que morreram e renasceram
O
rosto voltado para uma desolação feroz,
enquanto
me acusam
Porque
com culpa escrevo eu, com o rumor lento de suas roupas
desabando
na obscuridade de Genebra, quando era ainda tempo,
e
os relógios ignoraram o perigo, as suas agulhas
gostam
do abraço de um naufrágio feliz
na
profundidade,
minha
boca procurando seu ventre no silêncio que
precede
aos incêndios.
e
os travesseiros úmidos e os olhos que eu não verei
nunca
girando
já nos espelhos e na noite infinita:
ajuda-me
a ficar quando eu me afasto
ajuda-me
a ficar quando eu me afasto
Em
todo o corpo que minhas mãos conduzem
à
chama,
em
todo o corpo que minhas mãos levam longe do banco,
serás
o contrário daquela vitória inútil,
o
único copo que não se despreza depois do vinho fúnebre.
Nada
pode aprisionar o vento se não a liberdade
Nada
além da liberdade poderia cercar-nos agora
e
fazer-te entender que eu estava só
porque
o desabrigo não cabia naquele quarto sórdido
que
tu insististe em chamar país, doze milhão rostos
colados
às paredes de uma Ordem a repudiar de desleixo
Porque
eu viajei através das colinas de França
e
vi a bandeira verde,
na
delicadeza desbocada de junho
vi
um menino distante e eternamente adormecido
debaixo
de um rio de sangue
E
atravessei Pont Neuf com os olhos voltados
à
origem nublada do vislumbre…
Os
dias passam pelo teu rosto como uma cicatriz escura
Ajuda-me
a desfazer-me desses fantasmas que eu amo e que eu
destruo
e
os meus dedos te sentem com a voracidade de um cego
à
noite
Tinha
esquecido da noite
e
tinha esquecido algo tão simples e verdadeiro
como
beber um copo de água, levantar-me na sombra
dos
quartos emprestados,
deixar
ainda correr o tempo entre sonhos
e
então acordar com a sede na garganta
tinha
esquecido que a vida também é feita
de
tudo estes ínfimos, esses heroicos acontecimentos
que
se completam
entre
um corpo nu e outro corpo nu,
entre
a cama do rio e o copo da boca
Tinha
esquecido de simplesmente escrever
como
quem bebe ou ama, sem que o Olimpo me suba à
cabeça
Tinha
esquecido que um poema se prepara com meticulosa
felicidade
como
um presente que já ninguém espera
e
é modelado com urgência
e
violência, com irrepetível,
com
ternura desesperada,
como
se faz amor uma mulher que morrerá amanhã
Tinha
esquecido que morrerás amanhã
Ajuda-me
a ser o caminhante que não pede nada
Tinha
esquecido que vou morrer amanhã
que
não pede nada se não um pouco de caminho…
mas
que eu não apercebo..
que
não cheiro a tua mão
tinha
esquecido
do
animal recluso que me habita…
…
ajuda-me a não esquecer-te
e
a pedra pesada que me arrasta até ao fundo
é
uma pompa de sabão, as asas de um doce castigo
Ajuda-me
a ser o caminhante que não pede nada
além
de um pouco de caminho,
AINDA É MUITO CEDO
Labels:
Djalma Soares,
Poema
AINDA É MUITO CEDO
Numa ilha encantada certa vez encontrei,
A caminhar sobre a areia branca um homem.
Ele tinha um olhar triste,
Era como se carregasse os pecados do mundo,
Mas mesmo assim transmitia, talvez por magia,
Uma paz que eu não conhecia...
Senti-me atraído a acompanhá-lo e ele me falou;
Caminhei com vocês,
Passei por muitos e muitos passaram por mim.
Olhei com os mesmos olhos de há tanto tempo atrás...
Vocês me olharam com dúvidas,
Até com um pouco de espanto.
Na maioria foram indiferentes...
Conversei com alguns,
Não reuni mais de dois...
Tentei ajudar a resolver problemas,
Não me aceitaram...
Lembrei coisas importantes,
Não me entenderam...
“É pena, mas ainda é muito cedo!”
Com tristeza vejo que os interesses,
Transformaram os pensamentos que deixei.
Usaram-me para reunir rebanhos,
A caminhar em direções diversas,
Sem um rumo certo...
Amigo, o mundo não terá mais um sermão,
Eu trago em mim o início do fim,
E o dia é próximo...
Naquela praia de águas calmas a noite chegava,
Trazendo a cor de prata da lua,
Misturada com o brilho das estrelas,
Reforçando ainda mais naquele homem a aparência de anjo...
O seu olhar já não era mais triste,
E dele saia uma luz perfumada que entrava nos meus olhos,
Emprestando uma sensação indescritível...
Barra da Lagoa, janeiro de 1984. DJALMA
Ao sol já fomos
Art Thomas W. Schaller
A ilustração sob o tapete branco
tentava gradear minha loucura
por não mais querer fugir
A cadeira vazia a me esperar
falsa analogia
terminar ou começar?
a pintura do amar!
Claudiane Ferreira
"O ofício fez-me.
A vida mudou-me.
Agora, arrumada à luz,
como quem teme o medo ainda mais que a realidade.
Vivo estática e aqui adormeço."
Dulce Morais
"... porque também na minha casa, hoje, nenhuma cadeira continua como estava ontem, pois eu já não sou o mesmo."
Dostoiésvski
Só me ensinaram a amar
Eu mudo, tu mudas, ele muda?
JGCosta
Alguém pode...
Me maltratar
Me humilhar
Me ignorar
Me fazer chorar
Me repreender
Me desmerecer
Me enlouquecer
Me fazer sofrer
Me ferir
Me iludir
Me destruir
Me fazer partir
Me negar amor
Me ceder rancor
Me infringir dor
Me opor valor
... Mas não vai adiantar
Só me ensinaram a amar!
O Comprador de Almas
Labels:
Crônica,
EP. Gheramer
Foto por EP. Gheramer
Hoje,
durante minha reflexão matutina, li a passagem em que Jesus, num sábado, curou
um homem que tinha uma das mãos secas. Logo depois de curá-lo, Jesus perguntou
aos doutores da Lei e aos fariseus - que estavam ali, para encontrarem alguma coisa
de que o acusassem -, se era lícito fazer o bem ou fazer o mal num dia de
sábado, segundo a Lei. Ao final do texto bíblico, é dito que "eles ficaram
com muita raiva". Enquanto lia, lembrei-me que, em outra ocasião, Jesus
estava em sua própria casa, junto de seus parentes e que estes insistiam para
que ele fosse para as grandes cidades mostrar o que ele era capaz de fazer,
isto é, os sinais e milagres que realizava no meio do povo nos pequenos
lugarejos. Segundo eles, quem realizava coisas maravilhosas, deveria mostrá-las ao grande público, pois, segundo eles,
"quem desejava ser reconhecido"
deveria assim proceder.
Então,
quando acabei de ler, pus-me a refletir nas razões daquelas pessoas. As primeiras pessoas que viram Jesus curar num dia de sábado,
ficaram com raiva e as outras, seus próprios parentes, queriam que ele
realizasse os sinais de que era capaz de fazer em cidades grandes - como se ele
fosse um mágico ou alguém que procurasse ser conhecido. Depois de pensar
profundamente, embora de maneira rápida, cheguei à conclusão de que poderia dizer que os primeiros, na verdade, não sentiram raiva, mas inveja. Poucos estavam se importando com a transgressão da Lei. Estavam
com inveja porque não eram capazes de fazer o mesmo que Jesus fazia. E por que
pensei isso? O porquê, exatamente, eu não sei. O Espírito nos leva a lugares
estranhos e sem nos dar explicações.
Continuando.
Acho que se eles tivessem os mesmos poderes, não hesitariam em correr aos
grandes centros urbanos e, diante da multidão admirada e de boca aberta,
mostrariam o que eram capazes de fazer e, logo em seguida, passariam o chapéu! E, assim, de apresentações em apresentações
ficariam ricos; cada vez mais ricos e com a riqueza, viria o poder. Ah! O
poder... Como as pessoas gostam do Poder.
Poderosas
e ricas poderiam ter tudo o que os outros tinham e não mais se sentiriam
humilhados. Nem humilhados e nem carentes de amigos à sua volta. Ah! Como é bom
saber que temos amigos e somos admirados. Êpa! Admirados?! Concordo que é bom e
digno ser admirado pelos motivos nobres, verdadeiros. Jesus só tinha uma túnica
ao morrer. E mesmo assim foi dividida entre os soldados, ao pé da cruz. Não foi
nada fácil para o Filho de Deus aturar os homens - e ainda não o é! Mas Ele não
desiste e continua a aturar-nos.
E os
parentes de Jesus? Que decepção deve ter sido para Ele... Só mais tarde é que,
novamente em Nazaré, ele disse que 'santo de casa não faz milagres' - com
outras palavras, que os cristãos bem conhecem. Eles também queriam aquilo que a
fama traz! E o que é? Todos já sabem e já responderam: Dinheiro e Poder. E para
que dinheiro e poder? Para serem reconhecidos e admirados e bajulados e invejados
e outras coisas mais.
Então o Espírito
me levou a outros lugares desconhecidos por mim. E comecei a pensar para quê se
adquire poder e riqueza em nossos dias e vi que é pela mesma razão de sempre:
ter algo que os outros não têm e cause admiração e que, ao mesmo tempo, seduza
as multidões. Sim, as multidões, porque são elas que conferem a fama e é da
fama que vem a riqueza e o poder. Se a pessoa tiver alguém para dar um empurrãozinho, não é preciso ter algo
digno de ser admirado. Esse alguém, ou alguma coisa, cria do nada algo para ser
admirado e cobiçado pela multidão. E quem seria este alguém, escondido por trás
de algo, que seria capaz de criar uma mentira? O pai da Mentira! Quem é o pai
da Mentira? Bem, se eu precisar dizer o seu nome, então estarei dirigindo-me às
pessoas erradas e o melhor seria calar-me, aqui e agora. Mas eu sei que sabem
de quem estou falando. Assim, só falarei do "algo" por trás do qual
está este “alguém". Será que já sabem o que é este "algo"? Vou
dar uma pista: é algo que alcança a todos, indiscriminadamente e não pede
licença para entrar em nossas casas. Os que responderam que é a Televisão, não acertaram
- pelo menos não completamente. Mas ele não pensa pouco, ele quer tudo. E o que
é "tudo"? "Tudo" é o homem, porque o homem foi a excelsa obra
de Deus, criou-o à sua semelhança e já que ele foi expulso dos Céus, quando
procurou ser igual a Deus, então, “ele” quer dominar o que é a imagem de Deus.
Para “ele”, é como se estivesse dominando Deus. É um faz de conta. Faz de conta
e quem paga são os homens... Quer dizer, quase todos os homens. Mas, de
qualquer maneira é uma tristeza, não é verdade? Uma vez dominados, utilizam-se
de seus inventos para, cada vez mais, ganhar discípulos para o seu pobre e
miserável reino; ele não deixa de ser um vitorioso! E por algum tempo, ainda o será.
Ele sabe que é só por um tempo, mas não fica como nós ficamos parados, pensando
nisso. Ele continua em frente, realizando sua obra enquanto pode. É sua
desforra por ter sido expulso do lugar onde era um "anjo de luz".
Mais uma vez
fui levado como o vento, que é imprevisível. Eu, com minha mente ainda
imperfeita, olhei para o meu tempo e vi os lugares onde se vendem revistas e
jornais e não pude deixar de perceber, claramente, aquelas revistas populares que levam as pessoas, num piscar de
olhos, à fama e daí à riqueza e ao poder. Poder sobre o próximo, como eram
chamados os seres de nossa própria espécie, não esqueçamo-nos disso! Por falar
nisso, como as palavras mudam de sentido: até pouco tempo atrás, o próximo era o outro, a quem devíamos
amar como amamos a nós mesmos.
Mas, agora,
não se ouve a palavra próximo com este
sentido. O próximo passou a ser a outra pessoa a quem devemos odiar como
odiamos a nós mesmos. Será que estou exagerando?!
Assim, os
inventos estão aí. Não é somente a TV, as revistas, os jornais e a Mídia em geral. Toda e qualquer coisa que é inventada
acaba sendo usada para a dominação da mente do homem e para comprar a sua alma.
Há dois
Compradores de almas. Um deles, paga na hora, com moeda altissonante que lhe
permite adquirir fama, riqueza e poder. Esta é a sua recompensa.
O outro
Comprador não lhe oferece nada daquilo que o outro oferece. O que Ele oferece? Bem, isso cada um tem que descobrir
por si mesmo. Ele não faz negócio com a multidão. Fala com um de cada vez. Fala
com quem quiser falar com ele.
Quer vender sua alma? Compra-se!
EP.Gheramer
INSIPICIDADE
Labels:
Carlos Neves,
Poema
Imagem: Portrait Illustrations by Matt Dixon
As coisas vão se diluindo, e eu nelas.
Com um gosto, um desgosto que da,
sem nada sentir.
(mas isso passa).
Como uma brisa que passa, repassa...
trazendo esse gosto sem gosto,
desgosto de novo que passa também.
(e a minha boca tão seca...)
Tateio com a língua e nada vejo;
sem mistura de qualquer outra cor,
...só o nada de cada dia.
O azul migrou prum mar distante
e os olhos acostumados de te ver,
sem te ver tentam chorar.
Até a saudade foi roubada,
sonhos de longe a levaram...
E assim voam os dias.
Quase já não faz mais sentido o sol.
Ah, a insipicidade que mora.
Durante todo esse tempo
fez o céu ficar cinza...
Quando vai passar eu não sei,
mas também vou passando,
sorrindo a cada sorriso que passa.
É a vida passando e eu passando com ela.
Com um gosto, um desgosto que da,
sem nada sentir.
(mas isso passa).
Como uma brisa que passa, repassa...
trazendo esse gosto sem gosto,
desgosto de novo que passa também.
(e a minha boca tão seca...)
Tateio com a língua e nada vejo;
sem mistura de qualquer outra cor,
...só o nada de cada dia.
O azul migrou prum mar distante
e os olhos acostumados de te ver,
sem te ver tentam chorar.
Até a saudade foi roubada,
sonhos de longe a levaram...
E assim voam os dias.
Quase já não faz mais sentido o sol.
Ah, a insipicidade que mora.
Durante todo esse tempo
fez o céu ficar cinza...
Quando vai passar eu não sei,
mas também vou passando,
sorrindo a cada sorriso que passa.
É a vida passando e eu passando com ela.
CARLOS NNEVES-2015
Desafio - Ilustrar o poema preferido da talentosa amiga (Cássia Torres)
O poema preferido de Cássia Torres é "Circulo Vicioso"
![]() |
Ilustração: Dulce Morais |
Círculo Vicioso
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
- Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
que arde no eterno azul, como uma eterna vela !
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
- Pudesse eu copiar o transparente lume,
que, da grega coluna á gótica janela,
contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela !
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
- Misera ! tivesse eu aquela enorme, aquela
claridade imortal, que toda a luz resume !
Mas o sol, inclinando a rutila capela:
- Pesa-me esta brilhante aureola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?
Machado de Assis
O muro
Labels:
Josué Brito,
Poema
Tão verdejante que era coberto por orvalho
Todas as manhãs... O céu tão límpido e anil
Servia de manto para a floresta inundada
Dos cantos mais inimagináveis de pássaros
Que hoje são mudos...
Não era a mata, não era a nata da noite
Que fazia murmúrios que sinto falta... São
Das imagens frigidas e tão incompreendidas
Que surge a saudade...
Veio o muro, caiu o mundo... Não é só
Um amontoado de tijolos é o cerceamento
Das vontades, das fantasias, das veleidades...
Não foi só um sonho que foi aprisionado,
Foi tudo, tudo aquilo que valia a pena...
Não é um muro é um fim... Dizem que são
Com muros que se constroem os adultos,
São com os muros que constroem homens
Que um dia baseados em um argumento
Obtuso também aprisionará outras perdizes...
Infantes que para viverem o sonho de um
Dia ser diferente, precisaram de escadas
Para pular o conjunto de terra que não
Deixa mais se ver a floresta... que não deixa
Mais termos um amanhã que não seja
Entre tantas grades...
Josué Brito
Insónia
Labels:
Dulce Morais,
Poema
![]() |
Arte: Pixabay
|
Insónia
As horas passaram
Os olhos não se fecharam.
Na mente desfilava
A saudade de quem não estava.
As horas continuavam,
As lembranças saltavam
De uma a outra memória
Dos momentos de glória.
E a recordação percorria,
Com uma lágrima que morria,
Tempos de felicidade
Que já não são desta idade.
A noite não foi perdida;
Foi só mais uma despedida
A quem jamais voltará,
Àquele que sempre contará.
Dulce Morais
Desafio - Ilustrar o poema preferido da poetisa (Dulce Morais)
O poema preferido de Dulce Morais é "Amigo" - do Alexandre O'Neill .
Amigo
Mal
nos conhecemos
Inaugurámos
a palavra «amigo».
«Amigo»
é um sorriso
De
boca em boca,
Um
olhar bem limpo,
Uma
casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um
coração pronto a pulsar
Na
nossa mão!
«Amigo»
(recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos
detritos?)
«Amigo»
é o contrário de inimigo!
«Amigo»
é o erro corrigido,
Não o
erro perseguido, explorado,
É a
verdade partilhada, praticada.
«Amigo»
é a solidão derrotada!
«Amigo»
é uma grande tarefa,
Um
trabalho sem fim,
Um
espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo»
vai ser, é já uma grande festa!
In 'No
Reino da Dinamarca'
Desafio – Ilustrar o poema preferido do (a) poeta(isa) ( Isa Lisboa)
Labels:
Desafio ilustração,
Isa Lisboa
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso tem em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, reconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa,
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, Nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Convido-os a lerem na íntegra em http://www.citador.pt/poemas/tabacaria-alvaro-de-camposbrbheteronimo-de-fernando-pessoa
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A vida do cristão é doce alento oferecido em taça de amargura ao coração sofrido que procura servir sem recompensa, oculto e ...
