...
Boa viagem
Virá o quinquagésimo quarto natal
desta vida.
Cinquenta e quatro gotas de esperança
na taça
do alheamento.
Cada uma delas,
a seu tempo,
teve seu matiz,
seu aroma,
seu sabor.
Sabor de curiosidade,
sabor de desejo,
sabor insípido,
sei lá...
Mas o que importa é que, recentemente,
cada gota deste cálice
parece lembrar que as outras todas
tinham gosto de amor.
Amor que veio escondidinho
na irreverência das festas,
na frivolidade prazerosa dos encontros,
nos excessos regados a dedicação,
em todas essas tolices
(agora, meigas tolices!)
que gotejaram na minha taça.
O que importa é que, agora,
essas gotas de esperança
com gosto de amor
já não mais parecem esperança;
elas têm a o matiz, o aroma e o sabor
de realidade.
Ou de quase realidade.
São mais expectativa que esperança.
É como se eu tivesse de posse do bilhete aéreo,
a aeronave já estacionada no portão de embarque
e já houvesse soado
a chamada.
Agora é só aguardar.
O voo vai partir.
Tenho certeza.
...
Duas mil e dezesseis gotas no cálice da humanidade;
cinquenta e quatro no meu cálice
e agora é certo.
O voo vai partir.
Sei disso.
Feliz natal!
Boa viagem!
Gilberto de Almeida
24/11/2016
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